quarta-feira, 3 de setembro de 2014

ROMARIO SENADOR DO RIO PSB 400

O importante é que tudo isso teve a acompanhálo a imagem de garoto rebelde, desobediente, brigão, carismático e, talvez o mais importante, orgulhoso de suas origens (ou do modo como o esforço próprio o fez superá-las). Romário nasceu pobre na favela do Jacarezinho e aos 3 anos foi para a Vila da Penha. O modo como profere, quase com orgulho, a palavra “favela” (preferindo-a à alternativa “comunidade”), diz bem de seu temperamento e sua franqueza. Ter chegado tão alto, vindo de tão baixo, para ele é mais que uma vitória. O homem, como o jogador, não tem medo de nada. Nem de parecer politicamente incorreto ao defender o vascaíno Eurico Miranda, pondo acima das diferenças a fidelidade que a amizade impõe. Como também não teve medo de ser o primeiro súdito a fustigar o Rei por suas declarações no mínimo discutíveis. Frase sua que entrou para a história: “Pelé, calado, é um poeta” Atleta, na acepção da palavra, Romário nunca foi. Sua vida fora do campo era a de um convicto antiprofissional. Festas, saídas noturnas, pouco treino, muito futevôlei, futebol de praia, papo com os amigos. Nisso, como em quase tudo, é surpreendente. Da mesma forma que as colunas de fofocas o crucificavam como marido nada exemplar, a declaração de amor e apoio irrestrito à filha com Síndrome de Down comoveram até os mais descrentes e deu exemplo para muitos pais. Eleito em 2010 deputado federal pelo Rio, como o sexto mais votado no estado, surpreendeu. Os que esperavam desempenho parecido com o de outros jogadores, alçados pela popularidade à condição de representantes do povo em câmaras e assembléias, Romário leva seu mandato à sério. Enquanto, por exemplo, Bebeto, seu companheiro de ataque no tetra, que atua para que José Maria Marin ganhe medalhas oficiais, ele, Romário, dedica-se a causas mais nobres. É um deputado que diz sempre o que quer dizer. O esporte, o futebol em particular, é sua bandeira. Rebate com veemência as declarações comprometidas de Pelé, do próprio Bebeto e de Ronaldo Fenômeno, para quem “não se faz Copa com hospitais” Atira nas lideranças da CBF, a anterior, a atual e a futura. O responsável por esta última o processa, perde e leva o deputado a bendizer sua imunidade. Romário cobra apuração dos gastos na construção de estádios e, olhando à frente, exige que se saiba como age o Comitê Olímpico Brasileiro com vistas a 2016. Em sua opinião, a Fifa é um antro de ladrões. Chama o presidente Joseph Blatter de nomes mais feios e põe no mesmo saco o secretario Jêrome Valcke. Ao contrário do goleador, o deputado não tem tanto êxito em suas ações ofensivas. Mas fala. E, à sua maneira, trabalha. Romário é mesmo único. A quem mais Johann Cruyff definiu como “o gênio da grande área”? Em quem mais Tostão viu “um fenomenal centroavante” Quem Diego Maradona pôs ao lado de Van Basten como os maiores atacantes que viu? Que atacante Eduardo Galeano comparou a um tigre que, vindo de região desconhecida, “aparece, dá seu bote e se esfuma’; deixando a bola nas redes contrárias? Por tudo isso, tanto o personagem como o herói do tetra jamais deixaram de ser Romário. Fonte: http://www.romario.org/o-globo-romario-craque-na-bola-e-nas-polemicas/

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