Em texto da página 8 do Jornal Realengo em Pauta, edição de dezembro de 2014, o editor Marcelo de Queiroz Perez comentou as eleições presidenciais de 2014. Confira abaixo:
O exercício da cidadania tem que ser feito, sobretudo com
ética. A transparência e a veracidade dos fatos são fundamentais para o avanço
do Brasil como um país desenvolvido. Vivemos uma democracia de 29 anos.
Passados os 21 anos de regime de exceção, o processo de reabertura política e a
instalação de uma assembleia constituinte que levou à promulgação de uma nova
constituição, a consolidação de nossa democracia tem como marco o processo de
impeachment do presidente Fernando Collor, com a posse do seu vice-presidente
Itamar Franco e as eleições gerais de 1994.
E assim tem sido a cada 4 anos: os brasileiros vão às urnas
para escolher seus representantes a nível federal e o Presidente da República.
Muitos chamam de festa da democracia. Neste ano de 2014 não foi diferente. Um
novo pleito onde os partidos existem apresentaram 11 candidaturas no primeiro
turno: Dilma Rousseff (PT). Aécio Neves (PSDB), Marina Silva - substituindo
Eduardo Campos (PSB), Luciana Genro (PSOL), Everaldo Pereira (PSC), Eduardo
Jorge (PV), José Maria Eymael (PSDC), José Maria de Almeida (PSTU), José Levy
Fidélix (PRTB), Mauro Luís Iasi (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO). As várias
candidaturas e propostas são salutares numa eleição em 2 turnos e com tantos
partidos. Para o segundo turno vão as duas mais votadas para aí sim ser
escolhido o vencedor. Parece justo e democrático.
O primeiro turno de nossa eleição começou com uma tragédia.
Eduardo Campos candidato escolhido por PSB, PPS, PPL, PHS, PRP, PSL para
representar uma 3ª via no processo eleitoral, é vitima de um acidente de
aviação e vem a falecer. Após debates a coligação lança a então candidata a
vice. Marina Silva em seu lugar, e escolhe o gaúcho Beto Albuquerque para
candidato a vice. A escolha de Marina mexe com o tabuleiro eleitoral já que a
candidatura da 3ª via saí de míseros 8% para 28% de intenção de votos superando
em índices a candidatura de Aécio Neves e se aproximando da candidatura de
Dilma, apresentando um quadro diferente da dualidade PT x PSDB das ultimas 5
eleições presidências. A partir deste fato os adversários passaram a
desconstrução da candidatura de Marina Silva pelo perigo que, segundo eles,
apresentava, e já nos dias que se aproximavam do dia eleição, o que se via é que
a tática tinha dado certo, pois o tucano Aécio se aproximava a passos largos,
reconquistando o eleitorado perdido e minando a proposta de mudança que Marina
Silva apresentava. Resultado do 1º Turno: Um segundo turno com a dualidade PT x
PSDB.
No segundo turno o que se aguardava era o embate entre Dilma
e Aécio e também para onde Marina Silva e sua coligação levariam os de 21
milhões de votos recebidos no 1º turno. Marina, e para surpresa de todos, até o
PSB, optaram por pedir voto para Aécio Neves. A campanha do segundo turno foi
pautada nas denúncias de corrupção de ambos os lados. Aécio se apresentava como
o candidato da mudança que no primeiro turno era representada por Marina Silva
e a família de Eduardo Campos. O resultado final anunciado somente às 20 horas
do dia 26 devido aos diversos fusos horários foi a vitória de Dilma Rousseff
com 54 milhões de votos contra Aécio Neves que teve 51 milhões de votos.
Festa da democracia? Não! Utilizando os instrumentos que
mais representam a liberdade da democracia brasileira que são as redes sócias,
uma partes dos derrotados aderiu a uma campanha de ódio ao processo eleitoral.
Conclamam das mais diversas formas para que a vitória nas urnas seja rejeitada.
Uns defendem a divisão do País em um muro onde ao Norte estejam os eleitores de
Dilma e no Sul os eleitores de Aécio. Outros iniciam uma campanha contra as
urnas eletrônicas, pois o resultado teria, segundo eles, sido forjado. Outros
pedem uma nova eleição e inacreditavelmente uma parte pede a volta da ditadura
militar! Utilizam até o preconceito como forma de querer mudar o destino das
urnas dizendo que o motivo da derrota de Aécio foram “os nordestinos do bolsa-família”.
E aí temos que ressaltar que Aécio perdeu a eleição em Minas Gerais e no Rio
de Janeiro, ou seja, no Sudeste!
Mas o povo que mudanças! O povo não aguenta mais corrupção!
Sim essa é uma grande verdade. E se formos olhar os números a mudança ou a
esperança na mudança era Marina Silva, que não era representada pela corrupção
do PT nem do PSDB. Que defendia uma nova política e por isso foi atropelada
tanto por Dilma e o PT como pelo Aécio e PSDB. De Marina ambos só queriam o
apoio num eventual segundo turno.
Mas o povo quer mudanças! Quer mudanças para melhor! Não que
qualquer mudança! E na dúvida optou pelo continuar o que já conhece. Para o povo,
Aécio não representa a mudança, nem Dilma. E a prova disto está no eleitor de
Pernambuco que no primeiro turno votou em massa em Marina Silva (48%) e
que no segundo turno, a despeito da indicação pelo voto em Aécio feita pela
própria Marina e a família Campos, preferiu no segundo turno Dilma dando lhe a
vitória no estado com 70% dos votos.