sábado, 10 de abril de 2010

Está na hora do PSB pensar grande

Este ano vamos disputar eleições gerais em outubro, que escolherão Presidente da República, governadores dos estados, deputados federais, deputados estaduais e dois terços do Senado. É uma oportunidade de ouro para mudar para melhor o país e colocar gente decente e honesta na Presidência, nos governos estaduais e nos legislativos estaduais e federal. É o grande momento também para o PSB pensar grande e disputar um lugar entre os quatro principais partidos do país.

Pretensão? Fantasia? Não. Mas certamente vai requerer ousadia. Como um adolescente que está se tornando adulto, é a hora de decidir se quer ser gente grande ou continuar pequeno, dependente de outros partidos, que, por mais aliados que sejam, não são o PSB. Está na hora de decidir se vamos alimentar a estrutura e a estratégia dos nossos aliados, ou se vamos exercer a opção que a democracia nos apresenta de concorrer com candidatos em todas as instâncias de poder no primeiro turno da eleição. Decidir se nos mostramos ao Brasil como uma força nova, coesa, com discurso afinado e gente decente disposta a melhorar o Brasil, ou se seremos apenas mais um dos partidos que se acotovelam em alianças pautadas pela mera distribuição de cargos e favores.

A tese que defendo é que time que não joga não forma torcida. Mesmo que tome de goleada. Está aí o exemplo no futebol. Equipes hoje grandes tiveram inícios medonhos. Times hoje consagrados tiveram fases terríveis, como Corinthians e Botafogo, que levaram 21 anos sem títulos, mas vendo a torcida crescer apaixonadamente. Já pensaram se o Corinthians em vez de insistir tivesse resolvido virar o time B do Palmeiras?

Já fui candidato a Presidente duas vezes. E quero ser pela terceira vez, mesmo sabendo que enfrentaremos uma disputa difícil pela frente. Mas acredito que uma candidatura própria do PSB tem um papel importante a cumprir, que é forçar os demais candidatos a discutirem o futuro do Brasil, com projetos claros, viáveis e inovadores. Não acho que seja correto com o povo brasileiro reduzir o debate eleitoral a uma disputa entre a turma do Lula - na qual me incluo - e a turma do FHC. Os problemas do Brasil são muito maiores e mais profundos do que um simples duelo entre PT e PSDB. Se eles não quiserem debater o Brasil, o PSB o fará, apresentando um projeto de desenvolvimento para o pais. Acredito nos que insistem e isso me aproxima muito do Presidente Lula, um exemplo vivo e atual de que a persistência no final vence.

Além disso, estou convencido que a candidatura própria do partido à Presidência da República será muito benéfica à estratégia de levar o PSB a ser grande. Se conseguirmos 15% que seja dos votos, significam cerca de 20 milhões de eleitores acreditando na mensagem do PSB. Se tivermos a ousadia de fazer uma campanha casada em todos os níveis poderemos eleger importantes bancadas nas assembleias estaduais, na Câmara e no Senado. Já imaginaram, então, se a nossa mensagem empolgar? E se algum dos favoritos escorregar e cair? Podemos chegar até mais longe. E estamos preparados para isso.

Para quem acha isso impossível, basta comparar o que era o PSDB quando elegeu Fernando Henrique Cardoso, em 1994, o que era o PT quando elegeu Lula em 2002 e o que é o PSB hoje. Vocês podem não acreditar, mas a experiência administrativa do PSB hoje é maior ou equivalente do que era a do PSDB em 1994 e do que a do PT em 2002. Hoje, o PSB tem quatro governadores de estado, 333 prefeitos - sendo dois de capitais importantes como Belo Horizonte e Curitiba, e dois ministros de Estado. O PT, em 2002, tinha quatro governadores, 187 prefeitos e nenhum ministro. O PSDB em 1994 tinha apenas um governador de estado, que por coincidência era eu, e 998 prefeitos.

Apenas para encerrar um falso dilema que tem ocupado as páginas de jornal, discordo plenamente que minha eventual candidatura acabe prejudicando a estratégia da candidatura oficial. Ao contrário, basta ler as pesquisas de opinião para ver que quando meu nome é retirado a vida do candidato do PSDB se torna mais tranquila. Na minha opinião, mesmo que o Presidente Lula apoie abertamente essa grande brasileira que é a Dilma Rousseff, ninguém, nem mesmo ele do alto de sua justa popularidade, pode substituir o poder de escolha, que pertence ao povo brasileiro. E para que nosso povo possa escolher bem, é preciso que haja opções.

Até porque, assim, o eleitor poderá até descobrir que existe alguém mais parecido com o próprio Lula do que a candidata que o Lula diz que é. Ou a história de vida da Marina não é parecida com a dele? Ou a minha persistência de ser candidato não é parecida com a dele? Ou as minhas gestões na Prefeitura de Fortaleza e no Governo do Ceará não trouxeram para meus conterrâneos o mesmo acesso à felicidade que hoje o Governo Lula traz ao povo brasileiro?

E se assim for, mais uma vez a democracia terá mostrado seu grande poder de surpreender. Como nos jogos de futebol, em que apenas os times que insistiram em jogar aprenderam a ganhar e se tornarem grandes vencedores. O próprio Lula sabe o que é isso. Afinal, é corintiano. Afinal, virou presidente porque nunca deixou que seu time, o PT, abrisse mão da disputa. Eu, o PSB e o mundo temos muito a aprender com o exemplo de Lula.

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