O resultado da pesquisa Datafolha divulgado domingo na qual Dilma Rousseff (PT), com 28%, aparece colada em José Serra (PSDB), com 32%, tem provocado euforia dos partidários da ministra da Casa Civil e preocupação dos aliados do governador de São Paulo. Uma análise das disputas presidenciais pós-redemocratização, no entanto, mostra que daqui até a eleição no dia 3 de outubro muita coisa pode influenciar a opinião dos eleitores transformando os gráficos das pesquisas numa montanha russa.
"A paródia não está ganha, não. É muito cedo para cantar vitória ou chorar a derrota", afirmou o cientista político Francisco Oliveira, da USP (Universidade de São Paulo).
Construção de palanques estaduais, escolha do vice, definição do arco de alianças, apresentação dos programas de governo, debates, variáveis econômicas, sociais e, principalmente, a campanha na TV são elementos que vão ajudar o eleitor a definir seu voto e nem sequer foram colocados no tabuleiro.
"Por mais bem estabelecidas cientificamente que sejam as pesquisas, a opinião, objeto delas, é algo sujeito a mudanças. Não há nada mais móvel no universo do que a opinião", disse o filósofo Roberto Romano, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Precedentes históricos
A história das últimas disputas presidenciais está repleta de casos de viradas improváveis e tendências que depois se mostraram inconsistentes. Em maio de 1994, por exemplo, Luiz Inácio Lula da Silva entrou na disputa com 42% das intenções de voto, segundo o Datafolha. O então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, somava parcos 16% mas, amparado no sucesso do Plano Real que ajudara a criar, iniciou uma escalada nas pesquisas.
A estratégia errada do PT de se contrapor ao Real e o programa de TV equivocado fizeram com que na última semana de julho a disputa estivesse empatada. No final, Fernando Henrique venceu no primeiro turno.
Quatro anos depois a situação era inversa. O então presidente entrou na disputa, em março, com 41% contra 25% de Lula. A partir de abril as pesquisas apontaram uma disparada do petista e queda do tucano. Alguns analistas chegaram a decretar que as tendências eram irreverssíveis.
No início de junho a situação era de empate técnico, com 33% para Fernando Henrique contra 30% de Lula. Mas o resultado foi a reeleição do tucano novamente no primeiro turno.
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2010/03/04/historico+de+pesquisas+mostra+que+muita+coisa+pode+mudar+ate+a+eleicao+9417282.html
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